Março de 2021 foi o período mais crítico da Covid-19 no Brasil.

De acordo com o Ministério da Saúde, em apenas 31 dias, tivemos mais de 66 mil mortes e cerca de 1,6 milhão de infectados no país.

Nesse mês, 1 a cada 5 brasileiros perderam suas vidas em decorrência da doença.

Agora, registramos um total de 12,7 milhões de casos confirmados, 322 mil mortes e nos tornamos o epicentro da pandemia.

Mesmo nesse cenário caótico, com a falência do sistema de saúde público e privado, ainda somos vítimas da desinformação.

Como já abordamos em outro post, a divulgação de notícias falsas nos levou a uma segunda modalidade de adoecimento. E a desinformação não impacta apenas nosso bem-estar emocional, mas, principalmente, nossos esforços para conter e combater a realidade atual.

Por isso, hoje, no Dia da Mentira, decidimos publicar verdades sobre a Covid-19! Vamos conferir?

 

  • Tratamento profilático, ou preventivo, não faz efeito!

Infelizmente, até agora, nenhum remédio demonstrou capacidade de prevenir a Covid-19. Segundo o médico e Presidente da Associação Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns, tratamentos para evitar o contagio são ineficientes e desaconselháveis:

“As principais sociedades médicas e agências de saúde pública – como a National Institute of Health (NIH), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a EU-CDC e a ANVISA – declaram que ainda não existe tratamento farmacológico eficaz na prevenção ou no tratamento da fase inicial da doença. Estudos clínicos randomizados com grupo controle, que são mais importantes como evidência científica do que estudos em laboratório (in vitro) ou observacionais, não mostraram benefício do uso da cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina ou do corticoide para prevenir a Covid-19 ou evitar que ela evolua para um quadro grave. É importante ressaltar, também, que esses tratamentos podem causar sérios efeitos colaterais”.

Sim, no início de 2020, a hidroxicloroquina foi apontada como um possível tratamento contra a Covid-19 e tornou-se a principal aposta de diversas entidades. Entretanto, análises posteriores comprovaram sua ineficácia e alertaram sobre suas consequências. Para Arns, essa medicação é como um jogador de futebol com bom desempenho no sub-15, mas que, ao chegar na primeira divisão, não apresenta os mesmos resultados.

 

  • Quem contraiu a doença não está imunizado!

 Sim, apesar de não ser frequente, a reinfecção pela Covid-19 pode acontecer, especialmente com o surgimento de novas variantes do vírus.

Nosso infectologista afirma que pessoas que tiveram a doença, provavelmente, ficarão imunes por alguns meses, mas isso não significa que devam abandonar os cuidados preventivos:

“Recentemente, novas variantes, resultado de mutações da SARS-CoV2 original, foram identificadas, principalmente, na Inglaterra, África do Sul e Manaus. Essas cepas podem causar reinfecção e apresentam maior risco de transmissão. Três variantes foram descritas em diversos países ao redor do mundo. A cepa de Manaus já foi encontrada em pessoas de várias cidades brasileiras e está se espalhando rapidamente pelo país”.

 

  • A vacinação em massa é nossa melhor opção!

As vacinas contra a Covid-19 já deram muito o que falar e foram protagonistas de inúmeras Fake News. Mas o fato é que são nossa melhor arma contra a pandemia!

“Elas trazem uma mensagem de otimismo! A vacinação em massa e os cuidados preventivos são as mais importantes medidas de saúde pública no Brasil e no mundo. E, provavelmente, possibilitarão retomarmos nossas atividades econômicas e enfrentarmos os graves problemas sociais criados nesse período, em particular o desemprego. No Brasil, até o momento, temos 2 vacinas disponíveis: a Coronavac/Instituto Butantan e Oxford/Fiocruz. Ambas são muito seguras e possuem uma excelente eficácia (superior a 95%) para evitar o desenvolvimento grave da doença. Ou seja, quem é vacinado apresenta um risco muito baixo de necessitar  internamento, desafogando o sistema de saúde”, explica Arns.

O Presidente da SBI também reforça que a vacinação é um ato de amor e cuidado conosco e com o próximo. Este é um pacto pelo bem-estar coletivo e todos devemos participar!

 

  • Não devemos fazer exames para saber se a vacina surtiu efeito!

A recomendação das principais entidades médicas do país é de que pessoas que estão com Covid-19 primeiro se recuperem dos sintomas e aguardem, por prudência, pelo menos um mês para depois se vacinarem. Isto porque ainda não sabemos quais reações o organismo pode apresentar ao ser exposto a dois 2 “estímulos antigênicos” (a doença e a vacina) ao mesmo tempo. Sobre os exames de IgG e anticorpos, que indicam se o indivíduo já teve Covid-19 ou não, Arns é categórico: não são adequados para avaliar resposta imunológica à vacina!

“Estes testes, geralmente, não detectam os anticorpos produzidos pelas pessoas vacinadas (“anticorpos anti-Spike”). Portanto, desaconselhamos a realização de exames para comprovar o efeito da vacinação. As pesquisas clínicas que estão em andamento nos nortearão se haverá, no futuro, necessidade de mais uma dose de reforço e quando deverão ser administradas”, afirma.

 

  • A Covid-19 é não grave ou letal apenas para idosos.

Pacientes com doenças crônicas também podem desenvolver formas graves da doença. Os grupos de maior risco, além dos idosos, são:

– Portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);

– De doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana, cardomiopatia);

– De diabetes tipo 2;

– Pessoas obesas, com Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 30;

– Portadores de doença renal crônica;

–  Imunossuprimidos receptores de transplante de órgãos;

– Pacientes com câncer.

Segundo Arns, estes grupos precisam de acompanhamento constante para avaliação de sintomas, como: verificação diária de temperatura e oximetria digital para detectar hipóxia, isto é, a falta de oxigênio no sangue, nos tecidos e nos órgãos.

“Gestantes e pacientes com asma moderada e severa, doenças cerebrovasculares, fibrose cística, hipertensão arterial, tabagismo, diabetes tipo 1, demência, doenças hepáticas e outros estados de imunossupressão provavelmente também correm mais riscos, mas os dados científicos atuais estão sendo avaliados”, enfatiza.

 

  • As medidas preventivas são importantes!

Para finalizar, o infectologista explica que as “6 regras de ouro” de prevenção à Covid-19 devem ser praticadas diariamente e em tempo integral, afinal diminuem MUITO o risco de contágio. São elas:

– Uso de máscara;

– Distanciamento físico de 1,5m;

– Higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70%;

– Não participar de aglomerações;

– Manter ambientes ventilados e arejados;

– Ficar atento aos sintomas de gripe e resfriado e se colocar, imediatamente, em isolamento respiratório!