No último post, mostramos como a pandemia tem afetado a saúde mental da população brasileira. Hoje, vamos entender a participação e a responsabilidade da Era Digital nesse adoecimento psíquico.
Mas antes, temos uma pergunta: você conhece alguém que desacatou orientações oficiais contra a Covid-19, adotou tratamentos preventivos sem comprovação científica ou assumiu comportamentos pouco empáticos – como esgotar prateleiras de mercado e estocar produtos em casa?
Pois é, nesse período de crise, não faltaram pessoas que, incitadas pelo bombardeio de conteúdos e, principalmente, de fake news, encamparam ações prejudiciais à sociedade e ao combate da doença.
E essa relação entre o excesso de informação, qualificada ou não, e efeitos socias nocivos tem nome: se chama infodemia!
O que é infodemia?
Apesar de não ser uma novidade na história humana, pelo contrário, a infodemia – avalanche de informações acompanhada pelo interesse crescente por assuntos específicos, como catástrofes naturais ou sociais – foi potencializada pela transformação digital e pela diversidade de canais midiáticos.
Esse fenômeno ganhou formatos ainda mais claros com a Covid-19: o intenso volume de notícias, com ou sem credibilidade, gerou um mal-estar social de consequências tão graves quanto a própria pandemia. Afinal, a desinformação, a desorientação, as teorias conspiratórias e os rumores – muitas vezes com intenções políticas ou comerciais de confundir, manipular e enganar a população – circularam tanto quanto conteúdos idôneos e de utilidade pública.
Exatamente como um vírus, a infodemia se alastrou, principalmente através das redes sociais, infectou milhões de pessoas e causou estragos em diversos contextos, influenciando o comportamento coletivo e dificultando a superação da Covid-19.
Assim, a produção e o compartilhamento desenfreado de informações geraram uma segunda espécie de epidemia.
Entenda as consequências da infodemia:
O primeiro obstáculo criado pelo excesso de informações é a dificuldade na tomada de decisões. Quando somos bombardeados por centenas de mensagens, muitas vezes divergentes, nos vemos em apuros na hora de escolher qual rumo tomar, não é mesmo?
Bom, é exatamente isso que milhões de brasileiros estão enfrentando: são tantas notícias, falsas e verdadeiras, que fica difícil saber como agir. E mais difícil ainda é não ceder ao pânico.
Afinal, somos impactados tantas vezes e por tantos canais diferentes (televisão, internet, rádio, jornal impresso, blogs, aplicativos de bate-papo etc.) que é impossível desviar o olhar e evitar uma sobrecarga. É neste ponto que a infodemia ataca, nos tornando indivíduos angustiados, deprimidos, exauridos e até prostrados ou apáticos.
A quantidade ilimitada de conteúdo, opiniões e estatísticas, eleva nosso nível de estresse e aciona mecanismos nocivos, como medo, ansiedade e pânico. Em outras palavras, adoecemos e nos tornamos mais propensos a agir de forma irracional, impulsiva e pouco empática.
E a crescente busca por atualizações sobre a Covid-19 na internet não afeta apenas a saúde mental coletiva, mas também deteriora ações preventivas, dedicadas a combater a disseminação do vírus. Afinal, informações falsas estão circulando livremente.
Quer um exemplo dos males produzidos pelas fake news? No Reino Unido, teorias massivas e infundadas levaram milhares de pessoas a acreditar que a tecnologia 5G era responsável pela pandemia.
Resultado? Quase 100 torres de telefonia móvel foram incendiadas e funcionários de diversas operadoras sofreram violência física.
No Irã, mais de 700 pessoas morreram após a ingestão de álcool de procedência desconhecida ou contaminado com metanol. O motivo? Notícias falsas.
Por fim, no Brasil, observamos ações e discursos xenofóbicos, agressões contra algumas comunidades globais, manifestações negacionistas, uso de medicamento preventivos sem comprovação, resistência às medidas oficiais e até contra a vacinação.
Mas, que fique claro, nada disso é um convite para a alienação. Não devemos ignorar a situação ou evitar informações, e sim filtrar aquilo que recebemos, nos certificando de que são conteúdos idôneos, baseados em fatos e com fontes checáveis.
Quer saber mais sobre como acessar informações sem prejudicar sua saúde metal? Acompanhe nossos próximos posts! Vamos preparar materiais ricos e recheados de dicas especializadas. Assim, você continua atento à pandemia, sem adoecer psiquicamente.